O QUE É A PUBLICAÇÃO CIENTÍFICA?
A publicação científica decorre da investigação científica e acontece quando os investigadores tornam acessíveis os resultados do seu trabalho de investigação nas mais diversas áreas do conhecimento. Portanto, a publicação científica consiste na divulgação dos resultados da investigação que podem ser comunicados sob diferentes formas de publicações. A Publicação Científica enquadra-se no contexto mais vasto da Comunicação Científica, que abarca as diferentes formas de comunicação dos resultados de investigação (formal vs informal, escrita vs verbal), que por sua vez se insere no contexto ainda mais amplo da Investigação Científica.
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PUBLICAR PARA QUÊ?
Um Autor publica o seu trabalho para:
- Apresentar resultados e métodos novos e originais;
- Trocar ideias e comunicar entre pares;
- Credibilidade de resultados;
- Prémios e financiamento;
- Reconhecimento e progressão na carreira;
- Prestígio e satisfação pessoal.
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QUAIS OS ASPETOS ÉTICOS DA PUBLICAÇÃO CIENTÍFICA?
No contexto da publicação científica há que atender aos seguintes aspetos éticos, entre outros:
- O trabalho a submeter a uma dada revista não deve ter sido publicado anteriormente;
- Nunca submeter um artigo a mais do que uma revista em simultâneo;
- A publicação a submeter deve ser previamente aprovada pelos diversos coautores e entidades responsáveis;
- Devem ter sido obtidas permissões dos autores, relativamente aos direitos de autor;
- Não incorrer em fraude científica (ou seja, a falta de rigor nas informações, a ciência inválida ou fraudulenta ou o plágio).
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QUAL A DIFERENÇA ENTRE RESEARCH ARTICLES (ARTIGOS CIENTÍFICOS) E REVIEW ARTICLES (ARTIGOS DE REVISÃO)?
As revistas científicas publicam diferentes tipos de artigos. Embora seja habitual chamar artigo científico à maioria das publicações, existem diferenças:
- os Research Articles (Artigos científicos), também designados como Original Papers, Original Articles ou Research Papers, são artigos que apresentam resultados de investigação em primeira mão; são artigos que comunicam resultados de investigação ou desenvolvimentos significativos numa determinada área científica;
- os Review Articles (Artigos de Revisão) têm por objetivo apresentar o estado de conhecimento sobre um determinado tópico, comentando outros artigos; é um tipo de artigo considerado como uma importante fonte de informação sobre o Estado da Arte de um determinado tema.
Existem depois variantes destes tipos principais de artigos, sendo alguns específicos de algumas áreas científicas.
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O QUE É UM WHITE PAPER?
Um White paper é um documento original, de formato longo e detalhado, com abordagem técnica e aprofundada sobre um determinado assunto. Os White papers são documentos que informam, apresentam problemas e então oferecem as soluções para resolvê-los. Logo, têm por objetivo ajudar as pessoas a compreenderem e solucionarem um problema e, portanto, a tomarem uma decisão. Estes documentos também são ferramentas de marketing, utilizados exatamente com o intuito de vender a solução para um problema específico. Os White paper não são submetidos ao processo de revisão por pares (Peer Review).
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COMO ESCREVER UM RESEARCH ARTICLE (ARTIGO CIENTÍFICO)?
A sua estrutura de um artigo científico obedece a um formato mais ou menos normalizado, designado pela sigla IMRaD, cujas principais partes constituintes são: Introdução (Porquê), Métodos (Como), Resultados (O quê), Discussão (Para quê). Inclui ainda a Conclusão.
Esta estrutura pode sofrer ligeiras alterações, consoante as exigências da revista onde o artigo vai ser publicado. Geralmente, os artigos científicos são submetidos ao processo de revisão por pares (Peer Review).
SUGESTÕES: veja o vídeo e leia o artigo “How to write and publish a research paper for a peer-reviewed journal”.
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COMO ESCREVER UM REVIEW ARTICLES (ARTIGO DE REVISÃO)?
Os Review Articles (Artigos de Revisão) apresentam uma visão comparativa entre artigos da mesma área e uma visão generalizada sobre um tema. Fazem uma avaliação crítica de diversos artigos relacionados com um tema específico. Tipicamente, é escrito por especialistas nessa mesma área e contém um elevado número de referências bibliográficas. Geralmente, os artigos de revisão são submetidos ao processo de revisão por pares (Peer Review).
SUGESTÕES: leia os artigos “How to write a good scientific paper: Review articles” e “Ten simple rules for writing a literature review”.
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COMO DAR VISIBILIDADE À MINHA PRODUÇÃO CIENTÍFICA/ARTÍSTICA?
Para dar visibilidade à produção científica/artística é fundamental o/a docente e/ou investigador ter o seu CV atualizado e disponível no:
- Portal do Docente do ISEC Lisboa;
- ORCID: identificador de autor que garante a interoperabilidade com outros identificadores/perfis como o Scopus Author ID e o Researcher ID;
- Scopus Author ID: identificador atribuído pela Scopus de forma automática. Este identificador, apesar de atribuído de forma automática, pode e deve ser corrigido pelo autor. O autor pode pedir alterações quanto ao nome usado, à afiliação e aos artigos associados;
- Researcher ID: perfil de investigador associado à Thomson Reuters e que garante a desambiguação na produção científica indexada na Web of Science. Este perfil, uma vez criado, tem que ser atualizado de forma manual pelo autor;
- Google Scholar Profile: para criar um perfil é necessário criar e fazer login numa conta Google, entrar no Google Scholar e escolher My Citations. Este perfil deve ser associado a uma afiliação e pode ser público ou privado. De todos os perfis é o que dá mais visibilidade, mas não tem qualquer integração com os perfis de investigador de uso académico (ORCID, Scopus Autor ID e Researcher ID);
- CIÊNCIA ID: é um meio de identificação e autenticação individual e permanente para os cidadãos que desenvolvem atividade científica, desenvolvido e gerido pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). É necessário ter um CIÊNCIA ID sempre que esteja em causa uma identificação pessoal no âmbito do ecossistema de Ciência em Portugal, nomeadamente nas relações com a Administração Pública portuguesa. Assim passa a ser fácil e inequívoca a identificação do investigador ou docente.
Para garantir a visibilidade da sua produção científica é importante cada docente e/ou investigador manter os seus perfis atualizados. É fundamental garantir que as publicações recuperadas numa pesquisa são as corretas, i.e., do autor em causa. É ainda necessário ter em atenção a tipologia de documento a incluir que, regra geral, corresponde a Research Articles (Artigos Científicos) e Review Articles (Artigos de Revisão).
Para garantir a desambiguação dos nomes dos autores, podem e devem usar-se identificadores de autor ou perfis de investigador.
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O QUE É O ORCID? COMO OBTENHO O NÚMERO ORCID?
O ORCID (Open Researcher and Contributor ID) é um código alfanumérico (com formato de 16 dígitos separados em grupos de quatro por hifens: 0000-0000-0000-000X) não proprietário para identificar exclusivamente cientistas e outros autores académicos e contribuidores. Durante a submissão de artigos científicos em revistas, é normal solicitarem o código ORCID como dado obrigatório.
Para obter o seu número ORCID deverá registar-se em https://orcid.org/register.
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O QUE É O CIÊNCIA ID? COMO FAÇO O CURRÍCULO CIÊNCIA ID?
O CIÊNCIA ID é um meio de identificação e autenticação individual e permanente para os cidadãos que desenvolvem atividade científica. É necessário ter um CIÊNCIA ID sempre que esteja em causa uma identificação pessoal no âmbito do ecossistema de Ciência em Portugal, nomeadamente nas relações com a Administração Pública portuguesa. Uma das vantagens do CIÊNCIA ID é passar a existir uma conta única, com identificação oficial e que permite autenticação em vários serviços no âmbito da Ciência.
Para criar o seu currículo no CIÊNCIA ID deve começar por se registar: https://www.ciencia-id.pt/CienciaID/Passo1.aspx
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O QUE É O GOOGLE SCHOLAR? E O RESEARCHGATE? QUAL A VANTAGEM DE ME REGISTAR NO GOOGLE SCHOLAR E RESEARCHGATE?
O Google Scholar é um motor de pesquisa, cujos resultados apresentam apenas artigos científicos, actas de conferências e livros. Funciona também como rede social. Para criar um perfil no Google Scholar é necessário ter uma conta Google e, a partir dela, é possível construir uma página pessoal onde aparecem os artigos científicos de um determinado autor. Ter um perfil no Google Scholar pode ter um impacto significativo nas citações que o nosso trabalho recebe, bem como na visibilidade dele, ao mesmo tempo que permite estar atualizado sobre o trabalho de outros investigadores na nossa área de especialização.
O ResearchGate é uma rede social para investigadores, que tem como objetivo a partilha de artigos científicos e a sociabilização. Funciona como um misto entre LinkedIn e Facebook. Permite fazer upload e download de documentos, tem uma interface com design atraente para preencher um CV online e permite interagir com outros investigadores através de grupos de interesse e fóruns de discussão. Adicionalmente, o ResearchGate tem uma área para anúncios de emprego científico.
Estas duas redes sociais (Google Scholar e ResearchGate) estão vocacionadas especialmente para a troca de informação específica para cientistas. Criar e manter um perfil no Google Scholar e/ou no ResearchGate permite:
- sublinhar a informação científica do percurso profissional,
- a ligação com outros investigadores,
- contribuir para a visibilidade do trabalho de investigação e publicações que se pretendem partilhar.
O aumento da visibilidade dos investigadores, pode influenciar positivamente o impacto na comunidade científica (por exemplo, no acesso a artigos, citações, etc.).
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ONDE POSSO PUBLICAR OS MEUS ARTIGOS CIENTÍFICOS?
Os artigos científicos podem ser publicados em revistas de reconhecida qualidade, em revistas de âmbito internacional, em revistas indexadas e/ou em revistas de acesso aberto (open acess).
Tendo em consideração o pressuposto de que uma revista indexada tem qualidade, âmbito internacional e cumpre todos os requisitos da revisão por pares necessários, é desejável publicar numa destas revistas.
Publicar um artigo científico é um processo que compreende várias fases e pode ser por vezes bastante longo. O vídeo apresenta sumariamente todo o processo, desde a submissão de um artigo até à sua publicação.
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O QUE É UMA REVISTA DE OPEN ACCESS?
As revistas de Open access (Acesso aberto (AA) ou Acesso livre) são revistas que permitem o acesso aos artigos científicos sem quaisquer custos para os utilizadores. O princípio subjacente à publicação em Open access, é a eliminação de barreiras no acesso à informação científica. Atualmente, existem mais de 15 mil revistas em Open access.
A publicação nessas revistas pode exigir aos autores o pagamento de uma taxa, designada por APC (Author Payment Charge). Se consultar o DOAJ, é possível refinar a pesquisa para encontrar revistas sem APCs.
SUGESTÃO: veja o vídeo.
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O QUE É A REVISÃO POR PARES (PEER REVIEW)?
O Peer Review é um conceito central na publicação científica. É o processo de controlo da qualidade e originalidade dos artigos submetidos a revistas científicas. É um dos requisitos para que uma revista seja considerada credível e de qualidade. Permite diferenciar revistas científicas de outro tipo de publicações que apresentam informação não científica.
Tem como objetivo fazer a revisão dos artigos, analisando aspetos como:
- A originalidade e métodos utilizados;
- O contributo para a área científica em causa;
- Aferir se comunicam informação válida e baseada em factos científicos.
SUGESTÃO: veja o vídeo.
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COMO IDENTIFICAR UMA REVISTA COM REVISÃO POR PARES (PEER REVIEW)?
Para verificar se uma revista tem Peer Review, deve consultar a bases de dados que indexam somente revistas com Peer Review: como a Scopus, Web of Science (WoS), Journal Citation Reports (JCR), SCImago, Ulrich’s Web, entre outras. Geralmente, na página da internet de cada revista consta essa informação; por norma na secção About ou Journal Info.
SUGESTÃO: veja o vídeo.
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ESCOLHI A REVISTA ONDE QUERO PUBLICAR. E AGORA?
Verifique e cumpra as normas de publicação da revista para o seu artigo não ser rejeitado. Se tiver dúvidas na construção das referências bibliográficas, não hesite, contacte a DGID, que ajudamos sempre que possível.
Antes de submeter o artigo tenha em atenção se os nomes dos autores estão corretos, se a identificação institucional está correta (Instituto Superior de Educação e Ciências de Lisboa (ISEC Lisboa), Portugal) e se a(s) referência(s) do(s) projeto(s) financiador(es) está legível. A referência pode ser da unidade de investigação e/ou projeto I&D.
Pode e deve utilizar o seu identificador ORCID no artigo.
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ISBN, ISSN E DOI: O QUE SÃO?
O ISBN, International Standard Book Number (Número Internacional Normalizado do Livro), é um conjunto de treze dígitos precedido por um prefixo alfabético, dividido em quatro partes separadas por hífen: o identificador do grupo (determinado por considerações de ordem nacional, geográfica, linguística e outras), o identificador da editora, o identificador do título, o dígito de verificação ou de controlo (o décimo), que dá ao computador possibilidade de comprovar a validade de um número, evitando erros na sua transcrição, sempre que este dígito for treze deverá ser substituído por um X, pois o tamanho normalizado do ISBN não pode ultrapassar treze dígitos, número que foi estabelecido a partir de janeiro de 2007. É um código encontrado em publicações que não tenham periodicidade e são feitas apenas uma única vez, mesmo que existam várias edições. É atribuído pela Agência Nacional do ISBN e é baseado na norma ISO (ISO 2108-1978 (E) Documentation – International Standard Book Numbering ISBN), com os objetivos de identificar rapidamente uma determinada obra, facilitar a sua encomenda e incrementar a sua divulgação através de bibliografias, catálogos, listas de editores e fichas catalográficas. Em Portugal a Agência ISBN funciona na APEL – Associação Portuguesa de Editores e Livreiros.
O ISSN, International Standard Serial Number (Número Internacional Normalizado das Publicações em Série), é um código numérico que constitui um identificador internacional unívoco para cada título de publicação em série. O código é composto por um conjunto de 8 dígitos impressos em dois grupos de quatro dígitos separados por um hífen precedido por um prefixo alfabético. O último dígito é o da verificação; se este dígito for 10 deverá ser substituído por um X, exceto no caso de não haver resto na divisão pelo qual é calculado, caso em que o dígito de verificação será 0. Qualquer mudança de título implica sempre a atribuição de um novo ISSN. É atribuído pelo International Serials Data System (ISDS) e é baseado numa norma ISO, a ISO 3297-1986. Existe em Paris um Centro Internacional de Registo de Publicações em Série e centros nacionais estabelecidos nos diversos países, que solicitaram a este a delegação para atribuição do mesmo. Nas publicações em linha, aquele que é atribuído à versão em linha de uma publicação periódica, pelo centro nacional ISSN do país no qual ela é publicada. Em Portugal, a atribuição de ISSN é um serviço facultado pela Biblioteca Nacional.
DOI significa Digital Object Identifier, ou seja, Identificador de Objeto Digital. Trata-se de um identificador usado para identificar objetos de forma única, padronizado pela Organização Internacional de Padronização (ISO). O DOI, como um produto num ambiente digital, é destinado a assegurar a identidade e a também a durabilidade na publicação. O código é atribuído a um objeto digital para que este seja identificado de forma única e persistente no ambiente Web e aplica-se a qualquer tipo de arquivo digital, trabalhos científicos, revistas, livros, imagens e até músicas, que, quando catalogados, passam a ter um link permanente do documento digital publicado. Composto por números e letras, em duas partes: Prefixo, que identifica o publicador do documento; Sufixo, identificador emitido pela editora (por exemplo: DOI: 10.5354/0719-3769.2013.27352, sendo o prefixo o 10.5354 e o sufixo o 0719-3769.2013.27352). De salientar que um documento conserva o seu DOI ao longo de toda a sua existência e, se por acaso for eliminado, esse DOI não será reutilizado.
De salientar que um código não exclui ou tira a importância do outro. Ou seja, uma revista científica pode criar o DOI, quando eletrónica, mas, necessariamente, precisa do código ISSN. Da mesma forma, um livro pode ser cadastrado no DOI, mas necessita do número de ISBN. Por isso, quando livros ou artigos publicados em revistas forem receber um código do DOI, utilizarão como sufixo o número que está no ISBN ou ISSN ou até nos seus dados bibliográficos.
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QUAL A DIFERENÇA ENTRE DOI E CROSSREF?
O DOI resulta de uma iniciativa conjunta de três associações comerciais na indústria editorial (International Publishers Association, International Association of Scientific, Technical and Medical Publishers, e Association of American Publishers) como uma estrutura genérica para a gestão de identificação de conteúdos através de redes digitais, considerando a tendência para a convergência digital e a crescente disponibilidade de multimídias. A CrossRef é uma associação de editores e instituições que publicam na internet e que necessitam registar o seu conteúdo através de identificadores únicos (Handle systems) e serviços com metadados e sua interoperabilidade. Ela é o principal agente de atribuições de DOIs no mundo.
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O QUE SÃO OS RANKING DE REVISTAS CIENTÍFICAS?
Os rankings de revistas científicas são amplamente utilizados no meio académico, para avaliação do impacto e da qualidade de revistas científicas. Esse impacto é quantificado usando-se indicadores bibliométricos.
Os rankings servem como ponto de referência para identificar os títulos com maior impacto numa determinada área científica, e num determinado período de tempo. Tornam-se, assim, bastante úteis na avaliação e seleção de revistas científicas.
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COMO SÃO DIVULGADOS OS RANKING DE REVISTAS CIENTÍFICAS?
Existem plataformas que anualmente publicam listas de revistas, classificadas por área temática e ordenadas por diversos indicadores, que quantificam o “peso” ou prestígio que cada uma tem na sua respetiva área. Dessas plataformas salientam-se:
- Journal Citation Reports é uma ferramenta da Clarivate Analytics, usada para avaliar e comparar revistas dentro da mesma área científica.
- O SCImago Journal & Country Rank é uma plataforma usada para avaliar, analisar e comparar revistas que podem ser, ou não, da mesma área científica, assim como dados sobre os níveis de publicação científica em diversos países do mundo.
- O Google Scholar (Google Académico), através da sua funcionalidade Métricas apresenta uma lista de revistas organizada segundo métricas próprias desta plataforma – h5-índice e h5-mediana. Os dados das revistas científicas disponibilizados são extraídos da própria base de dados do Google Scholar (Google Académico). É possível organizar esta lista por área temática ou refinar, por exemplo, pelo idioma da revista.
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O QUE SÃO REVISTAS CIENTÍFICAS INDEXADAS?
Revistas indexadas são aquelas que constam de bases de dados bibliográficos como a Web of Science (Clarivate Analytics) e a Scopus (Elsevier). Trata-se de bases de referência, reconhecidas pela seleção criteriosa dos seus conteúdos nomeadamente no que diz respeito à revisão por pares e às questões éticas.
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COMO ESCOLHER UMA REVISTA INDEXADA DA MINHA ÁREA?
A pesquisa por assunto em bases de dados, nomeadamente em bases de referência, pode ser útil para:
- Identificar títulos de revistas (com Peer Review), que publicam mais artigos numa determinada área científica;
- Verificar se determinado título se encontra indexado nestas bases (cumprindo um dos critérios atrás mencionados);
- Ou verificar quais as revistas com maior número de citações, por exemplo.
Existem bases de dados de referência onde se podem consultar revistas científicas indexadas, especialmente Web of Science (WoS), Scopus e INSPEC:
- Revistas indexadas na Web of Science – no Journal of Citation Reports (JCR) podem-se pesquisar as revistas indexadas na Web of Science por título ou por Web of Science category (área temática da WoS);
- Revista indexada na Scopus – no Scimago Journal Ranking ou Scopus sources podem-se pesquisar as revistas indexadas na Scopus por título ou por área temática. Nota importante: todas as revistas indexadas na Scopus estão no Scimago Journal Ranking (SJR), mas o oposto não acontece. Assim, para obter informação adicional e de acesso gratuito pode usar-se o SJR mas, para garantir que a revista se encontra na Scopus deve confirmar-se no Scopus sources;
- INSPEC – base de dados especializada, com uma vasta cobertura nas áreas da física, engenharia eletrotécnica, computação, controlo, automação, mecânica, produção e tecnologias da informação. Disponibilizada pela editora Elsevier.
Existem ainda outras ferramentas úteis. Alguns sítios de editores ajudam a identificar títulos de revistas de interesse, a partir de títulos e resumos (abstracts) de artigos. Apesar de proporcionarem uma visão mais parcelar, por procurarem somente nas revistas de um só editor, podem ser úteis a identificar títulos para publicar.
Salientam-se:
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O QUE É A BIBLIOMETRIA?
O termo Bibliometria foi criado em 1934 por Paul Otlet, sendo até aí conhecida como “bibliografia estatística”. A partir de 1969, Pritchard introduziu o termo “Bibliometria”, que passou a designar o ramo da Ciência da Informação que estuda e avalia a produção e disseminação científica, utilizando métodos quantitativos e estatísticos específicos.
Essa avaliação é realizada por diferentes métodos (métricas), que medem a produção científica e a sua importância, quer no que se refere a um autor, (departamento, grupo de investigação, instituição, país) através da sua produtividade (número de artigos), a um artigo através da sua relevância, influência noutros investigadores (número de citações), ou a uma revista através da importância/relevância dos artigos publicados (fator de impacto) nos últimos anos (dois ou cinco anos).
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QUAIS AS PRINCIPAIS FERRAMENTAS BIBLIOMÉTRICAS?
Para artigos e autores, as 3 principais ferramentas para análises bibliométricas e de citações são: Web of Science (WoS), Scopus e Google Scholar (Google Académico). Cada ferramenta tem vantagens e desvantagens e a decisão de qual usar é de caráter pessoal, mas aconselha-se a utilizar no mínimo duas ferramentas e comparar o resultado entre elas.
Para revistas científicas, as principais ferramentas para análises bibliométricas são: Journal Citation Reports (JCR), Scopus – Sources e Google Scholar (Google Académico). Existem outras ferramentas, de acesso livre, como: SJR – Scimago Journal & Country Rank (SJR), MathSciNet (American Mathematical Society), ACM Digital Library (Association for Computing Machinery), Journal-ranking.com, Science gateway, Eigenfactor.org.
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QUAIS OS INDICADORES BIBLIOMÉTRICOS PARA OS AUTORES?
Os principais índices bibliométricos para os autores são:
- Índice-h
O Índice-h (h-índex), criado em 2005 por Hirsch, quantifica a produção científica de um autor a partir da contagem do seu maior número de artigos, que tenham pelo menos igual número citações. É um único número que representa o número de artigos científicos em que cada artigo tem esse número como mínimo de citações. Por exemplo, um índice de 20 de um autor significa que esse autor tem 20 artigos em que cada um tem um mínimo de 20 citações. Apesar de ser uma das métricas mais aplicadas, tem sido alvo de críticas pela sua fórmula de cálculo, que deixa de parte artigos bastante citados. Também pode ser utilizado para revistas.
- Altmetrics ou Métricas Alternativas
São uma forma complementar às métricas tradicionais (tal como a análise de citações ou o índice-h), para medir o impacto do trabalho de um investigador, mas quase em tempo real. Os dados das citações são extraídos de plataformas sociais como o Twitter, o Mendeley, blogs, etc.
A sua abrangência estende-se para lá das citações, sendo contabilizados também os downloads ou o número de vezes que um artigo foi lido (abrangendo assim um outro público – quem lê, mas não cita). Atualmente, diversas plataformas disponibilizam já estes dados, como por exemplo, a base bibliográfica Scopus ou editores como a Taylor & Francis ou a Elsevier. Existem muitas outras métricas que podem ser encontradas em Altmetrics – Tools.
- Índice de Produção: Contagem de Publicações (Publication Counts)
É a métrica que se baseia no número de artigos (publicações) científicos de um autor, departamento, grupo de investigação, instituição, país num determinado período. É uma métrica básica pois mede apenas a produtividade, não entrando em linha de conta com a relevância das publicações.
- Índice de visibilidade ou impacto: Contagem de citações (Citation Counts)
É a métrica que se baseia na contagem de citações de um dado artigo ou conjunto de artigos, desde o ano da sua publicação ou num dado período de tempo. Baseia-se na “qualidade” de um artigo, pois se um artigo é citado é porque é reconhecida a sua relevância para a posterior produção científica.
Para garantir a visibilidade da sua produção científica é importante cada docente e/ou investigador manter os seus perfis atualizados. É fundamental garantir que as publicações recuperadas numa pesquisa são as corretas, i.e., do autor em causa. É ainda necessário ter em atenção a tipologia de documento a incluir que, regra geral, corresponde a Research Articles (Artigos Científicos) e Review Articles (Artigos de Revisão).
Para garantir a desambiguação dos nomes dos autores, podem e devem usar-se identificadores de autor ou perfis de investigador.
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QUAIS SÃO OS INDICADORES BIBLIOMÉTRICOS DE UMA REVISTA CIENTÍFICA INDEXADA?
Os indicadores bibliométricos de uma revista científica indexada mais utilizados são: Fator de Impacto, SCImago Journal Rank (SJR), Eigenfactor, Source Normalized Impact per Paper (SNIP). No entanto, existe uma diversidade de indicadores que podem ser aplicados para conhecer o impacto de uma publicação científica. Os seguintes são utilizados sobretudo na plataforma Journal of Citation Reports (JCR):
a) Número total de citações – número total de vezes em que uma revista foi citada num determinado ano pelas restantes revistas do JCR (Clarivate Analytics – Total Cites).
b) 5-year Impact Factor – é uma variação do cálculo do Fator de Impacto, mas com base numa análise de 5 anos (Clarivate Analytics – 5-year).
c) Journal Immediacy Index – este indicador representa o número médio de vezes que um artigo é citado no ano da sua publicação, e obtém-se dividindo o número de citações que os artigos de uma revista receberam num determinado ano pelo número total de artigos que a revista publicou nesse ano (Clarivate Analytics – Immediacy Index).
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O QUE É O INDICADOR BIBLIOMÉTRICO FATOR DE IMPACTO (IMPACT FACTOR)? COMO ESCOLHER UMA REVISTA PELO SEU IMPACTO?
O Journal Impact Factor (JIF) é o indicador de impacto de uma revista no Journal of Citation Reports. É possível ver qual o JIF de uma revista pesquisando por título no JCR ou diretamente do registo da Web of Science (WoS) através do link View Journal Information.
O JIF mais recente é sempre o do ano anterior uma vez que corresponde a todas as citações a uma revista no ano do JCR a itens publicados nos dois anos anteriores, divididos pelo número total de scholarly items/citable documents (i.e., artigos, reviews e proceedings) publicados na revista nesses dois anos. Um JIF de 2.5 significa que em média, os artigos publicados há 1 ou 2 anos foram citados 2,5 vezes.
O Scimago Journal Rank Indicator (SJR) é o indicador de impacto de uma revista no Scimago Journal Rank onde pode ser pesquisado por título. O SJR expressa a média ponderada (através de um algoritmo baseado no prestígio de uma revista) de citações recebidas num determinado ano pelos documentos publicados na respetiva revista nos 3 anos anteriores.
Para saber mais: Este indicador foi desenvolvido por Eugene Garfield: The History and Meaning of the Journal Impact Factor
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ONDE ENCONTRAR O FATOR DE IMPACTO DE UMA REVISTA?
Journal Citation Reports (JCR)
Web of Science (WoS)
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O QUE É O INDICADOR BIBLIOMÉTRICO SCIMAGO JOURNAL RANK (SJR)?
O SJR de uma revista é obtido através da média do número das citações que recebeu nos 3 anos anteriores na Scopus, e está diretamente dependente do “prestígio” das revistas citantes (ou seja, o impacto destas revistas determina o seu maior ou menor prestígio). O SJR utiliza os dados da base bibliográfica Scopus para a sua fórmula de cálculo.
Para saber mais:
Este indicador foi desenvolvido por Félix de Moya Anegon: A further step forward in measuring journals’ scientific prestige: The SJR2 indicator.
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ONDE ENCONTRAR O SOURCE NORMALIZED IMPACT PER PAPER (SNIP)?
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O QUE É UM QUARTIL?
Um quartil é uma medida/indicador da qualidade da revista científica calculada pelo Scimago Journal Rank (SJR), com base nas citações que os artigos publicados numa determinada revista recebem durante um determinado período de tempo.
O quartil (Q) é obtido pela divisão do número total de revistas de uma categoria por 4, permitindo a sua classificação em Q1, Q2, Q3 e Q4. O quartil aplica-se ao Journal Impact Factor (JIF) e ao SJR quando as revistas se encontram ordenadas por indicador do mais alto para o mais baixo.
A classificação em quartis ajuda à comparação de uma revista com outras dentro da sua categoria, com base no SJR. Uma revista que está no Q1 da sua área temática pode ser comparada a qualquer outra revista de Q1 mesmo que o JIF ou o SJR sejam totalmente diferentes. Se uma revista pertencer ao Q1, significa que tem um desempenho melhor do que pelo menos 75% das revistas dessa mesma categoria.
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COMO SABER O QUARTIL DE UMA REVISTA CIENTÍFICA?
Entrar nos detalhes da revista, ver o campo Rank – apresenta o quartil e a evolução ao longo do tempo.
Nota: Uma revista pode pertencer a diferentes áreas científicas e, como tal, estar posicionada em diferentes quartis em cada uma dessas áreas.
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